a minha vida dava um livro

a minha vida dava um livro #03 - a escola dos "grandes"

07:00



A escola dos grandes, finalmente, algo tão desejado por muitos miúdos. O que não era o meu caso... Já sabia que não ía ser tão maravilhoso como se estava à espera. Eu não conhecia ninguém, vinha com sotaque do norte, não era boa a conhecer novas pessoas e tudo ali me assustava.

Foi nesta altura que o meu primeiro inferno começava... na escola e em casa.

Digamos que não era a pessoa mais bonita deste mundo, ou de mundo algum. O meu cabelo era desajeitado, as borbulhas começaram a aparecer em grande, comecei a usar aparelho e não tinha, como era de esperar grandes atributos físicos. Era uma aluna razoável.

Foi, mais ou menos, nesta altura que, comecei a sofrer de bullying na escola. Chamavam-me imensos nomes, davam-me imensas alcunhas relacionadas com o meu aspecto físico, relacionadas com o meu sotaque e, até mesmo com o meu último nome. Digamos que, na altura, no Algaarve, pouco ou nada ouviram o nome Noronha. Lembro-me que me empurravam, pisavam-me a mochila com o material escolar lá dentro, insultavam-me constantemente, e punham-me mesmo de lado. Bem, grande parte da turma, não todos, até porque tive o meu grupinho de amigos lá.

Naquela altura, nunca se tinha ouvido falar na palavra bullying. Naquela altura, era apenas um bando de miúdos a brincarem uns com os outros, simplesmente. Ninguém levava a sério...

Apesar de que, os meus pais chegaram a ir à escola porque havia dias que eu teimava que não queria ir e, obrigada, lá acabava por aparecer nas aulas.

Em casa, sempre tive uma educação bastante rígida. Sou daquelas pessoas que aprendeu que só nos levantamos da mesa quando toda a gente acabou de comer, que tinha horas para levantar, comer cada refeição e deitar. Que se quisesse lanchar fora de horas ou beber um copo de sumo a mais, tinha que pedir autorização. Tinha que pensar, cuidadosamente, em cada palavra que me saía da boca ou em cada expressão que eu fazia.

Acho que foi no 7o ano que tirei a minha primeira negativa, a história. Os meus pais bateram-me com a colher de pai e foram-se "gabar" disso para a escola, mostrando uma posição e dando a entender que, os professores tinham autorização para serem o mais possível, exigentes comigo.

Posso-vos dizer que, até ao meu 10o ano, andei esse período todo da minha vida, de castigo. Não podia ir a aniversários, não podia ir a festas, não podia ir a visitas de estudo (na maior parte delas). Eu ía sozinha da escola para o trabalho da minha mãe, do meu pai ou para casa, de autocarro. Tinha de fazer sempre o mesmo caminho e, se algum dia, fosse por outro caminho e, tivesse o azar de encontrar o meu pai (coisa que aconteceu umas duas ou três vezes), era um trinta-e-um...

Ser uma aluna razoável já não era o suficiente, se tivesse alguma negativa então, era quase o fim do mundo e, tinha quase sempre negativa a história. Talvez tenha sido por estes motivos mas, ainda hoje odeio história, seja do que for. Odeio estudar história, odeio ver documentários históricos, tudo o que envolva história, para mim está na lista negra.

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1 comentários

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