Sou mãe! E agora?

Quando passámos a ser 3

10:00



Desde as 35 semanas de gravidez que era quase dia sim, dia não a ir às urgências do hospital, numa mistura de emoção por o pequenote poder nascer e, numa volta a casa inundada de frustração por ainda não ter sido dessa vez.
Às 39 semanas (certinhas) à noite, sábado, fomos, mais a vez, às urgências do hospital com a sensação de estar a perder líquido amniótico às pinguinhas. Chegámos lá e depois do CTG feito e do toque, o médico diz que ainda só tenho um dedo de dilatação (que já estava assim desde as 35 semanas), que o colo do útero está assim e assado e eis que ele diz:
“Pode ir para casa descansada que isto ainda vai demorar um bom tempo até ele querer vir cá para fora. Ah! E no dia que as águas rebentarem não assuste o marido. Não precisa de vir a correr! Tome banho, vista-se e venham descansados e com calma.”
Isto tudo porque é o primeiro filho e, normalmente, pelo que se diz por aí, o primeiro filho é sempre mais demorado a vir cá para fora porque gosta de aproveitar ao máximo o quentinho do forninho. Logo, os partos são mais demorados e costumam rondar umas belas horas de espera e desespero.
Pronto, lá viemos para casa, completamente frustrados por ser mais um falso alarme e eu afirmava com toda a certeza que, só voltava a ir ao hospital quando só conseguisse andar de gatas com as dores que sentia.
Nessa noite, de sábado para domingo, acordo por volta das 4h da manhã comuna dor muito forte e lá me levantei da cama e fui até à casa de banho fazer um xixizinho mas, qual xixi, qual quê!? Eu não me conseguia levantar da sanita porque estava sempre a pingar mas, lá me levantei e fui até ao quintal para fumar um cigarro (sim, eu fumei na gravidez) e apanhar um fresquinho.
Quando estava a entrar em casa e ía fechar a porta, de repente não me consegui controlar e começou a sair imenso líquido, às 4:20h. Desesperada, a pensar que tinha feito xixi pelas pernas abaixo e sem querer acordar o meu namorado que estava exausto, também dos falsos alarmes, liguei para a minha mãe.
Decidi ir acordá-lo e fui tomar um banho e despachar-me para irmos para o hospital. Sempre tive a noção de que quando as águas rebentam fazia um “plof” caía o líquido e pronto, era isso mas não! Aquela porcaria não pára de escorrer até a criança sair cá para fora!
Às 5:24h da manhã chegámos às urgências já com 4 dedos de dilatação. Tiraram-me sangue para fazer a análise para ver se poderia levar epidural mas, enquanto esperava pelos resultados mandaram-me ir logo para a sala de partos.
As dores eram cada vez mais fortes e seguidas. Não tive tempo de levar epidural... Cada contração forte que eu tinha, via as médicas a comentarem umas com as outras, baixinho, “mais um dedo”. Ou seja, em cada contração que tinha, era mais um dedo de dilatação que aumentava. Levei oxigénio porque já estava a ficar sem forças.
Oiço o papá a dizer “Tanto cabelo! Estou a ver o cabelinho!” e eu, respondi logo muito rápido “Não espreites!”. É mais que sabido que nenhum homem deve espreitar lá para baixo na hora do parto pelos motivos mais óbvios...
Ele diz-me para não me preocupar que não lhe está a fazer impressão e que me estou a portar muito bem. Passado uns belos berros e umas forças ele diz-me que já nasceu, que já está cá fora mas, as dores eram tantas que só me apercebi que o nosso pequenote nasceu quando o puseram ao meu peito e eu fiquei incrédula.




Eram tantas emoções juntas que é como dizem, completamente inexplicável.
Eram 6:25h quando o pequeno Afonso nasceu, todo muito cabeludinho e cheio de ranhoca no corpo todo. O nosso pequeno macaquinho nasceu com 3,645kg e 50,5cm.
Como aquilo lá em baixo rasgou e ainda fizeram uma episiotomia, levei muitos pontos e demorei quase tanto tempo a ser cosida como o trabalho de parto em si, já para não falar que eram tantos pontos que a anestesia local passou e comecei a sentir, literalmente, tudo. A agulha a entrar, a linha a passar, essa coisada toda.
Contudo, é como se costuma dizer e é bem verdade, por mais difícil ou doloroso que seja o parto, compensa sempre assim que olhamos para a melhor coisa do mundo, os nossos filhos.

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