ele é o traficante e eu a amante

19:07

Podia ser uma história de amor super romântica daquelas à filme e tal mas não, não foi. Quer dizer, podia até ser mas mais do género comédia e drama mas já lá vamos.
Tudo começou quando, no verão de 2015 fui trabalhar para o aeroporto, para um café, com uma fatiota linda, uma toca de rede na cabeça super sexy e uma placa de identificação na camisa. Um dia, lá apareceu um personagem no café (também ele "trabalhador do aeroporto", como motorista de transferes) e, ao pedir o seu cafézinho diário, olhou para a placa e reparou no meu último nome. Incrédulo e com aquele seu ar gozão, perguntou se eu era filha de tal fulano. Eu, com cara de parva, respondi que sim e, para nosso espanto, chegámos à conclusão que ele tinha sido aluno no meu pai. O mundo é um lugar bem pequenino!
(Vou abreviar os pormenores e saltitar algumas partes) Depois de alguns cafés, passeios e de eu lhe deixar de falar algumas vezes (sim, era parva e como não estava nos meus planos apaixonar-me tive algumas pancadas dessas), fez-me um pequeno ultimato indirectamente. Disse-me que ía passar alguns meses fora do Algarve, de férias. Foi aí que me caiu tudo e que percebi o quanto gostava da sua companhia então, pedi-lhe que ficasse e ele, lá acabou por ficar. Passados alguns meses começou a nossa história oficialmente.
Atenção! Oficialmente para nós e não para a minha mãe e é aí a grande piada da nossa história.
(Entretanto, em Setembro desse mesmo ano comecei a tirar o curso de estéticista-cosmetologista e blá blá blá)
No meu último dia de aulas e começo das férias de Natal, tive um acidente de mota depois de sair do trabalho e enquanto estava a caminho da minha cara-metade para estarmos um bocadinho juntos, ou seja, passei as férias todas e mais um ou dois meses de muletas e, como é óbvio,  não ía passar esse tempo todo trancada em casa a descansar como a minha mãe queria. 
Voltando à noite do acidente...
Ele é que esteve comigo o tempo todo no hospital e eu só acabei por avisar a minha mãe algumas horas depois, ao saber que tinha de passar lá a noite. Nessa mesma noite, ele levou a mota para a minha casa e foi aí que conheceu a minha mãe, ainda não oficialmente.
Na manhã seguinte, lá foi a minha mãe desvairada para o hospital e foi aí que o apresentei como meu amigo.
Até aí tudo mais ou menos bem.
(Temos um casal amigo que comercializa gomas e afins, isto um aparte para entenderem o que se passou a seguir). Algumas semanas depois, não sei precisar bem, esse nosso casal tinha de se dividir entre o Algarve e Setúbal, ele ía ficar na loja deles a vender as gomas e ela tinha de ir fazer uma feira. Ela precisava de mercadoria então oferecemos-nos para irmos até lá levar o que ela precisava.
Depois de discutir com a minha mãe para conseguir sair de casa no estado em que eu estava porque, supostamente, por ela eu ficava em casa o tempo todo a tentar recuperar, lá fomos até Setúbal.
Foi uma viagem muito gira e com algumas peripécias mas foi um dia muito bem passado e, mais uma vez, até aí tudo muito bem.
Agora, o regresso. Quando a minha cara-metade me deixou em casa, aí é que caiu o Carmo e a Trindade. Passo a explicar...
Chego a casa e a minha mãe achou que devia ter uma conversa em casa porque não compreendia o óbvio. O porquê de eu, nas minhas férias, não querer ficar trancada em casa a lamentar-me que não conseguia mexer a perna e o quanto me doía o resto do corpo. Depois de, calmamente, tentar explicar-lhe percebi o porquê do medo e da ansiedade dela...
É que a minha mãe, poderia ser uma uma escritora de dramas! Na cabeça dela, o meu namorado era traficante de droga e eu era a sua amante. Ele tinha-me obrigado a ir com ele levar a mercadoria à amante dele (que é essa nossa amiga). E o marido dessa nossa amiga (que ainda não percebi bem onde se encaixa na história criada pela minha mãe) é que pediu para nós fazermos essa viagem porque ele é que mandou por nós a tal mercadoria (de gomas).
Depois de chorar de tanto rir com a versão da minha mãe, tive de lhe contar que comecei a namorar com ele e tive de lhe esclarecer quem era quem.

Como podem calcular, ainda hoje nos rimos todos por causa desse episódio.

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